Inadimplência: o problema que mexe com o bolso e a mente

Número de inadimplentes volta a crescer e atinge marca de 70,5 milhões de brasileiros

As finanças dos brasileiros, em termos gerais, não andam nada bem e já estão assim há algum tempo. De acordo com o relatório divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em março, cerca de 78,3% das famílias brasileiras tinham dívidas, sendo que 17,1% das pessoas ouvidas afirmaram que estão “muito endividadas”. A situação é considerada preocupante e tem se repetido todos os meses.

Agora, quando se trata de contas em atraso (inadimplência), a porcentagem chegou aos 11,5% em março, registrando queda de 1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Apesar da notícia ser positiva, ainda não é possível dizer que essa realidade seja favorável. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Serasa, o País soma 70,5 milhões de inadimplentes. O cartão de crédito lidera o ranking de atrasos (31,6%), seguido por contas de serviços básicos – água e luz – (21,7%) e pelo setor de varejo (11,2%).

Muitos fatores são apontados pelos especialistas como favorecedores desse cenário, como o aumento dos preços (inflação) e, consequentemente, a dificuldade de manter o padrão de vida com o mesmo valor do salário. O desemprego e a falta de recolocação no mercado também podem ser responsáveis por parte desse quadro e, por causa deles, muitas famílias passaram a recorrer às chamadas linhas de crédito emergenciais, como cheque especial e rotativo do cartão de crédito, para garantir o básico, como alimentação. A questão é que a facilidade para obter o dinheiro tem um preço: ter de arcar com os juros mais elevados do mercado, que superam 417% ao ano por falta de pagamento da fatura do cartão.

Além do dinheiro
A dificuldade financeira afeta o bolso e gera graves consequências em outros aspectos da vida. A falta de organização dessa área tem impacto direto no desempenho profissional e até nos relacionamentos. Segundo uma pesquisa realizada pela plataforma Acordo Certo, cerca de 80% dos entrevistados com contas em aberto apontaram ter alterações de humor, outros relataram insônia (75%), ansiedade (74%) e baixa produtividade (66%).

Diante dessa situação, não dá para fugir: é preciso encarar o problema e uma das saídas para reverter esse quadro é a educação financeira.

Diferentemente do que muitos pensam, ela não interessa apenas aos que têm muito dinheiro, mas, principalmente, aos que estão endividados. A partir dela, eles conseguirão recuperar a saúde de suas finanças. Encontrar formas de obter renda extra e economizar são algumas saídas às quais se pode recorrer, porém de nada adiantarão se não houver organização e planejamento, que são importantes, inclusive porque, além de pagar suas contas, o trabalhador tem sonhos e objetivos que deseja realizar. Veja ao lado algumas dicas para provocar uma virada financeira em sua vida.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte: Edi Edson