Idolatria: os riscos de adorar um homem

O recente caso envolvendo o Dalai Lama chama a atenção para a vulnerabilidade daqueles que não usam a Fé racional

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Recentemente, o termo Dalai Lama se tornou um dos mais falados nos noticiários e não é para menos. Isso porque ganhou repercussão internacional um vídeo em que o líder espiritual tibetano beija um menino na boca e, em seguida, pergunta se ele gostaria de chupar a sua língua. O religioso chega a colocar a língua para fora enquanto a criança dá sinais de desconforto. O conteúdo, gravado em fevereiro, se tornou viral na internet apenas em meados de abril e já foi visto mais de 1 milhão de vezes apenas no Twitter.

No vídeo é possível notar que toda a cena acontece em um ambiente público, como um templo, e parte da plateia ri, ignorando completamente o ocorrido. Depois da repercussão negativa do caso, por meio de um comunicado, o gabinete de Dalai Lama informou que ele queria se retratar. O texto diz: “sua Santidade deseja se desculpar com o menino e sua família, bem como com seus muitos amigos ao redor do mundo, por qualquer dor que suas palavras possam ter causado. Sua Santidade costuma brincar com as pessoas que conhece de maneira inocente, inclusive em público e diante das câmeras, e lamenta este incidente”.

Muitos questionamentos surgiram a partir desse episódio, entre eles: quem é o Dalai Lama? Qual o impacto de idolatrar um homem? Como grupos vulneráveis, como mulheres e crianças, estão expostos à adoração cega? O que a Palavra de Deus diz sobre a idolatria?

O SER HUMANO POR TRÁS DO TÍTULO
Diferentemente do que muitos pensam, Dalai Lama não é um nome, mas um título religioso do líder espiritual do budismo tibetano. Segundo a crença da religião, recebe o título aquele que é considerado a reencarnação de Bodhisattva (Buda) da Compaixão. Atualmente, quem ocupa o cargo é Tenzin Gyatso, de 87 anos. Sua trajetória é marcada por uma série de viagens falando de tolerância religiosa e paz, inclusive, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989 em reconhecimento à sua luta não violenta pela independência do Tibete.

Após um levante malsucedido, ele teve que fugir do país e hoje vive exilado na Índia.

Ele, no entanto, já se envolveu em outras polêmicas. Em 2019, por exemplo, o Dalai Lama também se retratou depois de afirmar em entrevista a um veículo de comunicação que, se uma mulher o sucedesse, ela teria de ser “atraente”.

A idolatria
O Dalai Lama é cultuado por milhões de pessoas em todo o mundo, que o veneram como “sua santidade”, mas suas atitudes apontam que ele é tão falho quanto qualquer outro homem. É importante lembrar que a idolatria leva a uma adoração cega capaz de fazer com que fiéis se submetam a abusos e outras situações desconfortáveis em prol do respeito supostamente devido a um líder religioso.

Recentemente, milhares de casos envolvendo abusos de integrantes da Igreja Católica contra crianças foram descobertos, assim como pessoas que sabiam dos casos e não tomaram nenhuma atitude para punir os agressores ou impedir os atos. “Como grande parte dos abusos sexuais infantis acontece envolvendo pessoas próximas da família, esses abusos tendem a ser bem manipulados e mascarados no começo, quando apenas o abusador conhece suas reais intenções, acaba envolvendo a criança e a deixando confusa”, diz a psicopedagoga Gabriela Souza.

Segundo ela, o abuso, além de atos físicos, também incluem toques, falas obscenas ou exposição a conteúdo sexual: “os impactos são inúmeros, como físicos, que fazem com que a criança desenvolva doenças; emocionais, que fazem com que a criança não consiga mais criar vínculos com as pessoas ou perca a noção de valores; além de psicológicos, como traumas que são carregados para a vida adulta”.

A fé racional
Muitos confundem o real significado de Fé e se entregam ao que as religiões pregam sem questionar a origem do que é dito. O cristão, por exemplo, tem como base a Palavra de Deus e a Fé deve ser estabelecida com base nela, que coloca o Criador como prioridade e não outras pessoas.

Em ambientes de fé muitos baixam a guarda e definem as pessoas pelos títulos que possuem e não por suas reais atitudes – muitas até fecham os olhos para comportamentos inadequados, como o de juntar adoradores para si. Essa conduta desagrada a Deus, pois Ele é o Único que deve ser adorado. “O maior pecado do ser humano chama-se idolatria. Por isso, o primeiro grande mandamento diz ‘amarás o teu Deus de todo o seu coração, de todo o seu entendimento, com todas as suas forças, e de toda a sua alma’. E, se você transgredir esse mandamento, está tão condenado ao inferno quanto qualquer bandido”, afirma o Bispo Edir Macedo em texto publicado em seu blog.

Em várias passagens bíblicas, a Palavra de Deus alerta sobre a idolatria, pois é uma tendência da natureza humana se apegar a coisas e pessoas. Por isso, é importante estar vigilante, mesmo quando a adoração não está tão evidente, como é o caso de pais que colocaram seus filhos num pedestal, esposas que fazem de seu marido o seu deus ou quem tem o dinheiro como seu tudo. Não há perfeição no mundo e tudo aqui é passageiro. Dessa forma, os olhos daquele que crê em Deus devem estar nEle, assim como toda a sua confiança.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Foto: fstop123/getty images / reprodução/Record TV