“Eu passava dia e noite me prostituindo”

Por causa de abusos na infância, do desprezo do pai e de dificuldades financeiras, Joice da Costa não tinha perspectiva de vida. Saiba como isso mudou

Imagem de capa - “Eu passava dia e noite me prostituindo”

No Rio de Janeiro vive a servidora pública Joice Vânia da Costa, de 31 anos. Quem a vê feliz não imagina que seu passado foi marcado por sofrimento. Nascida no interior do Pará, ela conta que sua mãe tinha apenas 17 anos quando ela nasceu e que seu pai não a assumiu. Joice cresceu com os avós, pois sua mãe trabalhava em outra cidade para ajudar no sustento da casa.

Quando tinha 5 anos, ela sofreu o primeiro abuso sexual, que foi praticado por uma pessoa próxima à família. “Eu fiquei muito assustada e não entendia por que aquilo estava acontecendo, mas sabia que era uma coisa errada”, diz.

Ela destaca que se tornou uma criança retraída. Entre os 9 e 10 anos, ela sofreu outros dois abusos praticados por pessoas diferentes e não contou nada a ninguém. “Eu achava que a culpa era minha. Perdi minha inocência e já não sabia o que era ser criança. Eu sofria muito e queria entender por que eu não podia morar com minha mãe, queria conhecer o meu pai e contar para ele tudo que eu estava sofrendo, pois achava que ele faria justiça por mim. Não contei para minha mãe porque ela trabalhava muito e eu não queria aumentar os seus problemas”, revela.

Na adolescência, ela foi morar com a mãe. Juntas, elas tentaram uma aproximação com o pai de Joice, mas ele não deu a ela a atenção que ela esperava. “Esperei 13 anos da minha vida para conhecê-lo, esperava um abraço e que ele conversasse comigo, mas não foi o que ocorreu”, diz.

Foi quando ela se entregou ao alcoolismo e à prostituição. “Eu bebia praticamente todos os dias, comecei a me envolver com vários rapazes e a me prostituir. Eu pensava que se meu corpo não servia para nada, se todo mundo abusou e ninguém cuidou, eu aproveitaria para tirar algum benefício disso. Eu tinha um vazio na alma, uma tristeza tão grande que sonhava em morrer”, conta.

Aos 21 anos ela se mudou com uma amiga para o Rio de Janeiro, pois achava que seria feliz se vivesse em outro Estado. Na nova cidade, ela enfrentou mais dificuldades: “passei um ano como garota de programa. Eu passava dia e noite me prostituindo. O vazio e a depressão só aumentavam”.

Ela relata que teve um relacionamento marcado por agressões, mas se sujeitava a isso por acreditar que o companheiro seria a única pessoa que a aceitaria. “Fomos morar juntos. Ele tentou me matar três vezes e me agredia por ciúmes. Em 2014, depois de me agredir, ele saiu de casa. Quando ele foi embora, tentei o suicídio”.

Naquele momento, ela conta que se recordou de quando, na infância, uma vizinha a levava para a Universal para participar de atividades infantis. “Toda vez que eu estava nas reuniões, sentia um alívio na alma. No dia que tentei o suicídio, me lembrei da Universal e decidi buscar ajuda”, afirma.

Uma nova história
Depressiva e sem perspectiva de futuro, ela chegou à Universal em 2014. “Me firmei nas correntes, me batizei nas águas, abandonei a prostituição, mas faltava algo, porque a tristeza ainda invadia meu ser”, explica.

Ela conta que entendeu a importância do Espírito Santo para seguir firme em suas novas escolhas e passou a buscá-Lo. Certo dia, depois de uma oração sincera, ela recebeu o que mais desejava. “Fui inundada por uma paz e uma alegria que nunca senti antes. Foi um gozo na alma. O Espírito Santo me deu o amor de Pai que eu ansiava, me amou, me perdoou e me supriu em tudo. Nunca mais senti solidão. Daquele dia em diante minha vida se transformou.

Eu me tornei gigante”, conclui ela, que se casou com um homem de Deus e tem um filho de 1 ano e 3 meses.

imagem do author
Colaborador

Kelly Lopes / Foto: Mídia FJU Del Castilho/RJ