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“Eu tinha tanta vontade de matar que sentia gosto de sangue na boca”

Após conviver com o crime e com as drogas, Nilton Junior desejou mudar de vida

Imagem de capa - “Eu tinha tanta vontade de matar que sentia gosto de sangue na boca”

Nilton Gonçalves da Silva Junior, de 23 anos, cresceu na cidade de Atibaia, interior de São Paulo, vendo seu padrasto agredir sua mãe. “Eu tinha um ódio muito grande. Meu padrasto ameaçou minha mãe de morte, colocou um revólver na boca dela e ameaçou me matar também. Meu objetivo era crescer para poder matá-lo.”

Cansada do sofrimento, a mãe de Nilton, a auxiliar de serviços gerais Maria Cristina de Jesus Oliveira, de 42 anos, se mudou para outra cidade. No novo endereço, ela foi convidada a ir à Universal. Lá, ela se libertou dos traumas e encontrou em Deus novamente a razão para viver.

Nilton acompanhou a mãe na Universal até o início da adolescência – período em que ficaram sabendo que o agressor dela havia morrido.

Em seguida, voltaram a morar na antiga cidade. Porém o jovem ficou mais revoltado. “Com a morte dele, me senti derrotado por não ter conseguido vingar tudo o que ele tinha feito. Então, precisei de uma válvula de escape”, diz.

Mergulho no crime
Aos 13 anos, Nilton consumiu maconha pela primeira vez. Pouco tempo depois, estava viciado em cocaína. Não demorou para que ele se envolvesse com o tráfico de drogas. Aos 18 anos, ele já fazia parte de uma facção criminosa. Contudo o vazio que sentia nunca era preenchido. “Comecei a frequentar bailes funk e me envolvia com várias mulheres. Muitas vezes, chegava com meu pessoal nos bailes e muitos iam embora por medo. Tinha uma sensação de poder, mas era momentânea. Quando o baile acabava, o vazio voltava.”

Naquela época, Nilton também se envolveu com roubos, o que o levou a ser detido algumas vezes. Também naquele período sua mãe estava em um novo relacionamento. Por isso, as brigas em seu lar continuavam. O pouco tempo que o jovem ficava em casa era preenchido pelas brigas dele com o novo padrasto. “Não queria ficar dentro de casa para não bater de frente com ele. Eu sabia do que era capaz, mas respeitava minha mãe, pois reconhecia que ela orava por mim”, revela.

Nilton diz que sempre estava pronto para matar. Certa vez, ele até preparou uma situação para tirar a vida de três pessoas na rua de sua casa. “Coloquei um revólver na cintura. Eu tinha tanta vontade de matar que sentia gosto de sangue na boca, mas naquele momento minha mãe estava voltando da Igreja com meu padrasto. Foi como se uma venda caísse dos meus olhos. Consegui pensar em tudo que eu tinha feito da minha vida até aquele instante.”

Mudança de vida
Nilton pensou em todos os livramentos que já havia recebido por meio das orações de sua mãe e das vezes que ela havia lhe falado do amor de Deus. “Decidi voltar para a Igreja. Foi uma decisão radical porque eu sabia que teria que abrir mão de muitas coisas. Na segunda semana, me batizei nas águas.”

Logo em seguida, ele teve um encontro com Deus e o batismo com o Espírito Santo. Então, descobriu a verdadeira alegria, perdoou as pessoas por quem nutria ódio e passou a viver em harmonia com sua família. “Descobri o que é ter paz e o prazer de conhecer e servir o mesmo Deus da minha mãe. O vazio que me acompanhou por anos foi preenchido e hoje não me sinto mais sozinho porque Deus me perdoou e mora dentro de mim”, finaliza.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: Cedidas